terça-feira, 11 de março de 2025

 

Yvyy é mais do que uma banda. É uma entidade sonora que sangra, grita e se dissolve entre o caos e o vazio. Nascida em 2016 no ventre cinzento de São Paulo, a banda finca suas raízes no desespero urbano e nas paisagens abstratas da existência. Sua sonoridade, um híbrido impuro entre o Post-Black Metal e o Vaporwave, rasga os limites do que é aceitável, transita entre o sufocante e o sublime, e emerge como um manifesto brutal contra a própria consciência.

Lançando seu primeiro EP, Sonnelism, Landscape (2016), Yvyy cravou sua identidade no ruído e na atmosfera etérea, criando um universo de dor e tormento onde a melodia se dissolve na angústia. Cada faixa era um mergulho em uma paisagem sonora que oscilava entre a melancolia e a agressão, entre o devaneio e a destruição. A recepção foi mista, como era de se esperar de algo que não se encaixava em moldes pré-existentes. Yvyy não veio para agradar; veio para consumir e ser consumido.

Dois anos depois, Metaphysics of Death (2018) veio como um soco na alma, um disco que não apenas

reflete sobre a finitude, mas a impõe com a violência de quem entende que a vida é uma marcha perpétua para o nada. Cada acorde reverbera como um prego no caixão da humanidade, cada ruído distorcido soa como um grito abafado na imensidão do vazio. Yvyy explora as angústias metafísicas e os pesadelos da consciência, traduzindo a dor em uma tempestade sonora que desafia a razão.

Independente e sem amarras, Yvyy se mantém à margem das estruturas convencionais da música. Sem concessões, sem rótulos fáceis. A banda não busca aceitação, apenas expurga sua arte como um grito de desespero na escuridão. Seus temas são a dor sem redenção, o tormento sem alívio, a abstração de um mundo que se desfaz sob o peso de sua própria insignificância. A solidão é traduzida em camadas de guitarras etéreas, a angústia toma forma na percussão sufocante, e a desesperança ressoa nos vocais distorcidos que parecem ecoar de um abismo sem fim.

Yvyy não toca música. Yvyy conjura espectros de sofrimento e os deixa pairando sobre os que ousam escutar. O tempo passa, os rostos mudam, mas a essência permanece: brutal, etérea, inevitável. É um convite para o colapso interno, para o confronto com o próprio medo, para encarar o espelho e ver refletida a verdade inescapável: somos poeira, somos ruínas, somos nada. E, ainda assim, a música continua, como um fantasma que se recusa a ser esquecido.



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