Integrantes
- Stefanie Mannaerts – vocalista e bateristaEla é o coração da banda: canta com intensidade enquanto comanda a bateria com precisão e fúria. Sua capacidade de manter vocais emocionais e poderosos enquanto executa batidas técnicas e expressivas é impressionante.
- Stijn Vanhoegaerden – guitarristaResponsável por riffs cortantes, texturas amplas e atmosferas que passeiam entre o peso do hardcore e a ambiência do post-rock.
- Peter Mulders – baixistaCria linhas de baixo densas e pulsantes, sustentando o peso emocional e rítmico das músicas. Sua presença no palco é sempre marcada por entrega total.
Discografia
- Burst (2017)Álbum de estreia que trouxe a banda ao radar internacional. Temas como frustração, libertação e introspecção se fundem em faixas urgentes e diretas. Foi aclamado por sua energia bruta e emocionalidade intensa. Músicas como "All Along" e "Justice de Julia II" se destacam pela honestidade crua.
- Nest (2019)Um passo mais maduro, tanto na produção quanto nas composições. O álbum é centrado em laços humanos – amigos, família, identidade. Há mais espaço para nuances, silêncios e explosões súbitas. "War" e "Django" são exemplos do equilíbrio entre delicadeza e caos.
- Unison Life (2022)Um dos discos mais aclamados do trio. O álbum mergulha em reflexões sobre o que significa viver plenamente, encontrar felicidade e suportar o peso do cotidiano. Com sonoridades expansivas e arranjos mais complexos, faixas como "Liar" e "Dust" são hinos de vulnerabilidade e resistência.
- Live in Ghent (2020)Registro ao vivo poderoso, gravado em um show esgotado na cidade natal da banda. Captura a intensidade e a energia crua da Brutus no palco, sendo uma excelente introdução para quem quer sentir o impacto da banda ao vivo.
Estilo e Forma de Tocar
A música da Brutus é profundamente emocional, com variações
dinâmicas marcantes. Começa com uma tensão controlada e explode de maneira
catártica.
- As baterias
são o motor emocional: ora tribais, ora explosivas, sempre cheias de
intenção.
- As guitarras
alternam entre riffs pesados e ambientes etéreos, criando camadas sonoras
que ampliam a profundidade emocional.
- O baixo
atua como uma âncora que segura a intensidade, sendo muitas vezes o elo
entre melodia e ritmo.
- Os vocais
de Stefanie oscilam entre o grito rasgado e o canto frágil, sempre com
uma entrega autêntica, capaz de transmitir desespero, força e esperança
numa mesma frase.
Ao Vivo
Os shows da Brutus são conhecidos por sua entrega total. Não
há pirotecnia, figurinos ou artifícios. É suor, luz baixa e emoção no limite. A
banda transforma o palco em um campo de batalha emocional, e o público sente
cada batida, cada grito, cada silêncio.
Stefanie Mannaerts – bateria e vocais
Stefanie é o coração rítmico e emocional da banda, e suas
influências são tão diversas quanto sua performance. Ela cresceu ouvindo desde
punk até pop alternativo, o que se reflete em sua maneira singular de tocar e
cantar.
Influências principais:
- Ben
Koller (Converge) – sua forma de tocar é intensa, técnica e explosiva,
algo que Stefanie incorpora nos momentos mais agressivos da Brutus.
- John
Bonham (Led Zeppelin) – inspiração para a pegada forte e criativa,
especialmente no uso de viradas dramáticas.
- Taylor
Hawkins (Foo Fighters) – energia crua e versatilidade de palco.
- Karin
Dreijer (Fever Ray / The Knife) – inspiração vocal e estética,
especialmente no uso de camadas e timbres vocais não convencionais.
- Emma
Ruth Rundle & Chelsea Wolfe – referências líricas e de atmosfera:
dor, beleza e vulnerabilidade.
Ela também cita a influência de Stevie Nicks no
aspecto emocional da performance vocal.
Stijn Vanhoegaerden –
guitarra
Stijn é o arquiteto das paisagens sonoras da banda. Seu
estilo combina peso e ambiência, muitas vezes trazendo influências tanto do
metal quanto do post-rock.
Influências principais:
- Explosions
in the Sky / Mogwai – uso de guitarras com delay e reverb para
criar atmosferas largas e emotivas.
- Russian
Circles – riffs instrumentais densos e hipnóticos.
- Deftones
– alternância entre o peso esmagador e momentos suaves e etéreos.
- The
Dillinger Escape Plan – estruturas imprevisíveis e tensão rítmica.
- Fugazi
– ética DIY e pegada direta, mas inteligente.
Stijn tem um papel importante em manter o equilíbrio entre o
caos e o controle nas composições da Brutus.
Peter Mulders – baixo
Peter segura o chão da banda. Sua maneira de tocar é sólida,
com bastante groove, mas também emocional. Ele reforça tanto a densidade das
guitarras quanto o impacto da bateria.
Influências principais:
- Tool
(Justin Chancellor) – linhas de baixo criativas e cheias de textura,
que dialogam com a guitarra de forma melódica e rítmica.
- Isis
/ Cult of Luna – peso e atmosfera no baixo, construindo tensão e
liberação.
- Refused
– influência comum entre os três membros, especialmente na energia bruta e
na abordagem quase política de composição.
- At
the Drive-In – intensidade e urgência.
Peter também é conhecido por ajudar na construção da
identidade lírica e visual da banda, colaborando com Stefanie na criação dos
conceitos dos álbuns.
Convergência de Estilos
Brutus é o que acontece quando:
- uma
baterista-vocalista vinda do punk e do indie experimental,
- um
guitarrista com raízes no post-rock e metal alternativo,
- e um baixista influenciado por post-metal e art punkse encontram para fazer música sem se prender a um gênero específico.
Essa fusão de referências permite que o Brutus explore desde
explosões de fúria até momentos de contemplação silenciosa, com autenticidade
total.
Como as Influências se Traduzem no Som do Brutus
Stefanie Mannaerts
O que torna Stefanie única é sua capacidade de traduzir
emoção em cada batida e cada frase vocal. Diferente de muitos vocalistas de
rock alternativo, ela não canta para impressionar — ela canta como se
estivesse exorcizando algo. E isso vem de referências como:
- Emma
Ruth Rundle → introspecção e letras confessionais.
- Converge
(Ben Koller) → a fluidez com que ela alterna entre padrões caóticos e
momentos de controle total na bateria.
- The
Knife (Karin Dreijer) → seu uso não convencional da voz: agressiva,
frágil, cortante.
Você percebe isso em músicas como:
- "War"
– onde ela alterna entre gritos e vocal melódico, enquanto mantém uma
bateria tribal e incansável.
- "Liar"
– com uma linha vocal quase sussurrada que cresce até se romper em grito
catártico.
Stijn Vanhoegaerden
Stijn tem uma sensibilidade que equilibra o caos do
post-hardcore com o lirismo do post-rock.
Ele usa pedais de delay e reverb para criar camadas
expansivas, mas sabe exatamente quando cortar tudo com um riff sujo e
direto, como fazem bandas como Deftones ou Russian Circles.
Você pode perceber isso em:
- "Sugar
Dragon" – começa em um crescendo lento e atmosférico, e termina
numa parede sonora de ruído e emoção.
- "Techno"
– riffs angulares e com dissonância lembrando o math-rock ou pós-punk, mas
ainda com muito peso.
Peter Mulders
Peter talvez seja o menos “visível” no som do Brutus, mas é
o que dá peso e profundidade.
Suas linhas de baixo são mais do que acompanhamento — elas
carregam tensão emocional. Ele dá aquele toque de post-metal na
estrutura das músicas, permitindo que a banda construa e destrua paisagens
sonoras lentamente.
Ouça:
- "Horde
II" – linha de baixo minimalista e hipnótica, que serve de
fundação para a tensão.
- "What
Have We Done" – o baixo comanda o ritmo sombrio e dá densidade
emocional à faixa.
Playlist: As Raízes do Brutus
Aqui vai uma sugestão de playlist com faixas que refletem as
influências citadas e ajudam a entender o DNA do Brutus:
Stefanie Mannaerts
- Converge
– Concubine
- Emma
Ruth Rundle – Marked for Death
- The
Knife – Silent Shout
- Led
Zeppelin – When the Levee Breaks
- Chelsea
Wolfe – Feral Love
Stijn Vanhoegaerden
- Russian
Circles – Harper Lewis
- Deftones
– Diamond Eyes
- Mogwai
– Ratts of the Capital
- The
Dillinger Escape Plan – Black Bubblegum
- Fugazi
– Waiting Room
Peter Mulders
- Tool
– Forty Six & 2
- Isis
– So Did We
- Cult
of Luna – Ghost Trail
- Refused
– New Noise
- At
the Drive-In – One Armed Scissor
Essa lista mostra o espectro de referências que se
entrelaçam no som do Brutus: emocional, técnico, pesado, atmosférico e real.
Curiosidades sobre o Brutus
1. Stefanie aprendeu a
cantar e tocar bateria ao mesmo tempo por necessidade
No começo da banda, não havia vocalista. Stefanie, que já
era baterista, assumiu os vocais por acidente. Eles não queriam procurar
alguém de fora, então ela disse: “eu tento”. Hoje, isso virou uma das marcas
registradas da Brutus. Ela mesma disse em entrevistas que “ainda está
aprendendo” como fazer isso ao vivo sem perder fôlego — mas ninguém diria.
2. Eles quase não usam
setlists fixos nos shows
Apesar das músicas terem estruturas complexas, a banda é
conhecida por improvisar a ordem ao vivo dependendo do clima do público e da
energia do dia. Isso mantém as performances frescas e instintivas.
3. A banda
canta em inglês, mas fala holandês (flamengo) entre si
Como são de Leuven (parte flamenga da Bélgica), o idioma
nativo é o holandês. No entanto, eles escrevem todas as músicas em inglês, por
ser mais universal e por influência das bandas que escutam desde adolescentes.
4. As letras de
Stefanie são sempre autobiográficas
Stefanie não escreve ficção. Todas as letras do Brutus
partem de experiências pessoais, muitas vezes dolorosas. Ela já disse que não
conseguiria cantar algo que não tivesse vivido. Por isso, os temas das músicas
costumam envolver ansiedade, perda, expectativas, autoimagem e frustrações
internas.
5. A música “Sugar
Dragon” foi inspirada por um colapso mental
Essa música do álbum Nest surgiu após Stefanie ter um colapso de exaustão durante uma turnê intensa. É uma música longa, atmosférica e emocional, e serviu como espécie de catarse para ela.
6. Metalheads e fãs de
indie amam a banda igualmente
A Brutus consegue algo raro: agradar tanto o público do metal/post-metal/post-hardcore, quanto o pessoal mais indie/alternativo/post-rock. Eles já dividiram palco com Russian Circles, Chelsea Wolfe, Thrice, Deafheaven, Architects e Amenra, além de fazerem turnês próprias com casa cheia.
7. O clipe de “War” foi
gravado sem roteiro e em take único
Queriam capturar algo espontâneo, então colocaram Stefanie num galpão abandonado, com a câmera girando 360º enquanto ela performava a música ao vivo — não playback. A sensação de urgência no clipe é real.
8. O nome Brutus não
tem um significado direto
Eles escolheram “Brutus” simplesmente porque queriam algo
curto, forte e ambíguo. Não tem ligação direta com o personagem histórico (o
traidor de Júlio César), mas gostam do fato de ser um nome com múltiplas
interpretações possíveis.
9. A arte visual é
quase toda pensada por eles mesmos
Peter Mulders tem forte envolvimento na parte gráfica da
banda. Ele trabalha com design e fotografia e colabora diretamente com artistas
para criar capas, clipes e merchandising. O conceito de Nest, por
exemplo, foi todo idealizado por eles, com a ideia de “criar e proteger um
espaço seguro”.
10. Fizeram turnês
exaustivas sem apoio de gravadora no início
Nos primeiros anos, o Brutus bancava as turnês do próprio
bolso. Dormiam no chão, carregavam equipamento em carros próprios e vendiam
merch no final dos shows. Só depois do sucesso de Burst é que começaram
a receber apoio internacional, especialmente da gravadora americana Sargent
House, que também representa bandas como Chelsea Wolfe, Russian Circles e
Emma Ruth Rundle.
Cada integrante carrega suas influências de forma
transparente, mas é na união desses mundos que o Brutus se torna especial. Seja
nas batidas explosivas e vocais intensos de Stefanie, nos riffs
atmosféricos de Stijn ou nas linhas de baixo densas de Peter, há
sempre um fio condutor: emoção pura, sem filtro.
Eles não estão interessados em seguir tendências ou soar
“perfeitos” — eles querem ser reais. E por isso, conseguem tocar pessoas
de diferentes cenas, gerações e contextos.
O Brutus não é uma banda para ouvir distraidamente. É pra
sentir com o corpo inteiro. É música pra momentos de silêncio interno ou
tempestade emocional. É pra quando você não consegue explicar o que sente — e
precisa que alguém grite por você.
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