A jornada começa com “The Serpent’s Gaze”, faixa que abre o álbum como quem abre um grimório antigo. Os riffs rastejam como encantamentos sussurrados em uma língua esquecida, e a voz de Poison surge como um oráculo encantadora, poderosa e ameaçadora. Essa serpente, que olha e seduz, representa o despertar da consciência sombria que percorre todo o disco.Em “Chronic Abyss of Bane”, a banda expande seu ritual com texturas psicodélicas e atmosferas
“Profane Smoke Ritual”, a faixa-título, é o coração pulsante do álbum. Um hino à libertação por meio da cannabis não como recreação, mas como ferramenta de acesso ao invisível. A música pulsa em espirais, com batidas que simulam o ritmo cardíaco de uma cerimônia arcana. É um cântico de autoconhecimento e ruptura com os dogmas. A arte do disco, com imagens de Baphomet coberto por folhas de maconha e ladeado por bacantes em transe, ecoa a iconografia de rituais dionisíacos e a filosofia de Crowley, onde a vontade é lei e o êxtase, divindade.
Em “Veil of Enchanted Shadows”, a banda mergulha ainda mais fundo no ocultismo. A canção caminha entre véus e penumbras, sugerindo que a realidade é apenas uma camada tênue a ser rasgada. Cada riff é uma estaca cravada nas certezas do mundo material. Há aqui uma contemplação lúgubre da ilusão cotidiana um chamado para ver além.
“Necrotic Elegy” traz a morte como companheira serena. Não há medo nesta canção, apenas respeito pela transição. É uma elegia para aquilo que se desfaz, para aquilo que retorna ao pó e, ao retornar, alimenta o ciclo eterno da existência. Um lamento pesado, arrastado, onde a guitarra chora e a voz sussurra segredos dos túmulos.
O fechamento com “Serenade of Baphomet” é um tributo à figura ambígua do deus oculto. Baphomet, o símbolo da união dos opostos, da sabedoria e do instinto, é aqui louvado em uma serenata sombria. A música alterna entre doçura psicodélica e brutalidade controlada, como se a própria luz e trevas disputassem espaço no altar da consciência.
Profane Smoke Ritual é um tratado esotérico em forma de som. Uma serpente feita de fumaça que se enrosca nos ouvidos e aperta lentamente o espírito até que reste apenas o vazio fértil e silencioso onde tudo pode novamente nascer. Um álbum para ser ouvido de olhos fechados, com o coração aberto e a alma exposta às trevas.
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