segunda-feira, 12 de maio de 2025

Weedevil – Profane Smoke Ritual (2025)


Em Profane Smoke Ritual, a banda paulistana Weedevil não apenas lança um álbum, mas ergue um altar sonoro onde o doom metal se transforma em ferramenta de invocação espiritual. Lançado em 2024 formato Digital pelo selo Smoder Brains Records, e em 2025  pelos selos Mutilation Records e LP Metal Press, este disco se move como uma serpente em meio à névoa: lento, hipnótico e profundamente ritualístico. É um mergulho nos abismos interiores, abrindo dissolução do ego sob o peso da fumaça e da distorção.

A jornada começa com “The Serpent’s Gaze”, faixa que abre o álbum como quem abre um grimório antigo. Os riffs rastejam como encantamentos sussurrados em uma língua esquecida, e a voz de Poison surge como um oráculo encantadora, poderosa e ameaçadora. Essa serpente, que olha e seduz, representa o despertar da consciência sombria que percorre todo o disco.Em “Chronic Abyss of Bane”, a banda expande seu ritual com texturas psicodélicas e atmosferas

fúnebres. A letra, uma ode à dissolução dos sentidos, apresenta cogumelos que se desdobram em labirintos mentais, onde a dor se mistura com êxtase e o delírio se torna revelação. Essa faixa é um portal  não para fora, mas para dentro, onde o caos se confunde com iluminação.

“Profane Smoke Ritual”, a faixa-título, é o coração pulsante do álbum. Um hino à libertação por meio da cannabis  não como recreação, mas como ferramenta de acesso ao invisível. A música pulsa em espirais, com batidas que simulam o ritmo cardíaco de uma cerimônia arcana. É um cântico de autoconhecimento e ruptura com os dogmas. A arte do disco, com imagens de Baphomet coberto por folhas de maconha e ladeado por bacantes em transe, ecoa a iconografia de rituais dionisíacos e a filosofia de Crowley, onde a vontade é lei e o êxtase, divindade.

Em “Veil of Enchanted Shadows”, a banda mergulha ainda mais fundo no ocultismo. A canção caminha entre véus e penumbras, sugerindo que a realidade é apenas uma camada tênue a ser rasgada. Cada riff é uma estaca cravada nas certezas do mundo material. Há aqui uma contemplação lúgubre da ilusão cotidiana  um chamado para ver além.

“Necrotic Elegy” traz a morte como companheira serena. Não há medo nesta canção, apenas respeito pela transição. É uma elegia para aquilo que se desfaz, para aquilo que retorna ao pó e, ao retornar, alimenta o ciclo eterno da existência. Um lamento pesado, arrastado, onde a guitarra chora e a voz sussurra segredos dos túmulos.

O fechamento com “Serenade of Baphomet” é um tributo à figura ambígua do deus oculto. Baphomet, o símbolo da união dos opostos, da sabedoria e do instinto, é aqui louvado em uma serenata sombria. A música alterna entre doçura psicodélica e brutalidade controlada, como se a própria luz e trevas disputassem espaço no altar da consciência.

Formação da Weedevil em Profane Smoke Ritual:
Poison – Vocais
Jimmy Olden – Guitarra
Henrique Bittencourt – Guitarra
Claudio HC Funari – Baixo
Flavio Cavichioli – Bateria

Profane Smoke Ritual é um tratado esotérico em forma de som. Uma serpente feita de fumaça que se enrosca nos ouvidos e aperta lentamente o espírito até que reste apenas o vazio  fértil e silencioso  onde tudo pode novamente nascer. Um álbum para ser ouvido de olhos fechados, com o coração aberto e a alma exposta às trevas.


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weedevilweed@gmail.com




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