domingo, 2 de março de 2025

Resenha do álbum Wrought – Dying Sun (2025)

 


O Dying Sun é uma banda de Atmospheric Sludge/Post-Metal originária de Frederick, Maryland, ativa entre 2008 e 2018. Durante sua trajetória, o trio formado por Dan Dillon (baixo, vocais), Bryan Chew (guitarras, vocais, programação de bateria, sintetizadores) e Matt Day (bateria) construiu uma sonoridade marcada pela atmosfera opressiva e pelas temáticas de morte e desesperança. Lançado sob o selo Avantgarde Music, o álbum Wrought se destaca como uma obra imersiva e sufocante, transitando entre camadas densas de sludge metal e elementos etéreos do post-metal.

Desde os primeiros momentos de Wrought, fica evidente que o Dying Sun busca criar uma experiência auditiva que vai além do simples peso instrumental. A sonoridade reflete um mundo desolado, onde a existência parece esmorecer sob o peso da inevitabilidade da morte. As guitarras reverberantes e os sintetizadores discretos constroem uma sensação de vastidão e isolamento, enquanto os vocais alternam entre gritos angustiados e murmúrios soturnos.

A temática central do álbum se alinha ao próprio nome da banda: um sol moribundo, um ciclo que se encerra, uma existência condenada à dissolução. Cada faixa contribui para essa narrativa, guiando o ouvinte por uma jornada de introspecção melancólica e ruína emocional.

O trabalho instrumental em Wrought é um dos grandes trunfos do álbum. O baixo de Dan Dillon é robusto e carregado de distorção, garantindo um peso visceral às composições. A guitarra de Bryan Chew flutua entre riffs densos e melódicos, evocando a melancolia característica do post-metal sem abrir mão da agressividade do sludge. A programação de bateria, aliada à performance de Matt Day, alterna entre batidas minimalistas e explosões catárticas, criando dinâmicas variadas ao longo das faixas.

A produção do álbum é crua, mas intencionalmente assim. O som não é excessivamente polido,
permitindo que cada camada instrumental respire organicamente. A mixagem equilibra bem os elementos atmosféricos e a brutalidade sonora, garantindo que a experiência seja ao mesmo tempo imersiva e visceral.

Faixa de abertura: A primeira faixa estabelece imediatamente o tom do álbum, com uma introdução lenta e opressiva que se transforma gradualmente em uma parede sonora avassaladora.

Momentos climáticos: O Dying Sun domina a construção de tensão, fazendo com que certas passagens pareçam intermináveis antes de se dissolverem em explosões de ruído e desespero.
Uso de sintetizadores: Diferente de muitas bandas do gênero, o trio usa sintetizadores de forma sutil, adicionando texturas atmosféricas sem comprometer o peso da instrumentação principal.

Wrought é um álbum que não se destina a audiências casuais. Sua abordagem lenta e atmosférica exige paciência do ouvinte, mas recompensa com uma experiência emocionalmente intensa. A fusão do sludge metal abrasivo com a introspecção do post-metal resulta em um disco sombrio, envolvente e profundamente angustiante.

Para fãs de bandas como Neurosis, Isis e Cult of Luna, Wrought se mostra uma adição valiosa ao repertório do gênero. Após um longo hiato desde 2014, o Dying Sun ressurge das cinzas em 2025 com Wrought, um álbum magnífico que reafirma sua capacidade de criar atmosferas densas e opressivas. A pausa de mais de uma década não diminuiu em nada o impacto sonoro do trio, que retorna ainda mais sombrio e imersivo. Este lançamento marca não apenas a continuidade da banda, mas também um renascimento dentro do cenário Atmospheric Sludge/Post-Metal, provando que sua música permanece tão relevante e devastadora quanto antes. Para os fãs do gênero, Wrought é uma experiência imperdível e um testemunho do poder do Dying Sun em traduzir desesperança em arte sonora.


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